Massagem Tântrica: De Terapia a Negócio, um Olhar Cético Sobre o Mercado
“Ah, mas é uma terapia, sabe? Pra reconexão, pro autoconhecimento.” É o que a gente mais ouve por aí, ecoando em cada banner de Instagram e post patrocinado que pipoca na timeline. Mas, vamos ser sinceros: quem nunca se deparou com um anúncio de curso de massagem tântrica e deu aquela levantada de sobrancelha, pensando no que realmente se esconde por trás do “toque sagrado” e da “expansão da consciência”? A gente, que tá na rua apurando, sabe que o buraco é sempre mais embaixo. E, no fim das contas, a linha entre a terapia e o negócio da moda é mais tênue do que muitos querem admitir.
O Boom dos Cursos e a Promessa de Iluminação
Não dá pra negar que o interesse em terapias alternativas explodiu. E a massagem tântrica, que antes vivia no submundo do “tabu”, hoje ostenta um verniz de respeitabilidade. As escolas brotam como cogumelos depois da chuva, cada uma prometendo um método único, uma linhagem ancestral e, claro, a habilitação para você se tornar um terapeuta tântrico em poucas semanas. “Eu vi uma moça que fez o curso e em menos de seis meses já tava ganhando bem, montou um espaço bacana”, contou uma fonte, que pediu pra não ser identificada, enquanto tomava um café amargo na padaria da esquina. “Parece que a promessa é de dinheiro fácil, sabe? Ou de uma vida mais… plena, sei lá.”
Essa “plenitude” vem, claro, com um custo. E não é baixo. Pacotes de cursos que variam de R$ 3 mil a R$ 10 mil são comuns, alguns chegando a valores que fariam até um mestrado universitário parecer pechincha. Aulas teóricas sobre energia kundalini, chakras e o “despertar da sexualidade sagrada” se misturam com práticas que, para o olhar menos místico, lembram bem mais as técnicas de um massagista comum, mas com um toque de… bem, um toque a mais. A gente vê a empolgação nos olhos de quem sai dessas aulas, a crença de que estão à beira de uma revolução pessoal. Mas o que fica no ar é a pergunta: essa revolução é pra dentro ou pra conta bancária?
Mercado em Expansão: Terapeutas, Clientes e Muita Ambiguidade
O mercado é um caldeirão de gente buscando de tudo um pouco: cura emocional, alívio do estresse, ou simplesmente uma experiência diferente. E os “terapeutas” formados nesses cursos se jogam de cabeça. Muitos, inclusive, vêm de outras áreas, atraídos pela ideia de um trabalho com mais propósito – ou, sejamos francos, com a flexibilidade de horários e o potencial de retorno financeiro que a rotina tradicional não oferece. “No começo, a gente fica meio assim, pensando se é picaretagem ou não. Mas aí você vê a procura, a galera interessada… e pensa, por que não?”, confessou um ex-bancário que largou a vida corporativa para se dedicar à massagem. Ele pediu pra não ter o nome divulgado, com um sorriso amarelo que dizia muito.
A coisa é que, nesse universo da massagem tântrica, a ambiguidade é a regra, não a exceção. As sessões prometem desde a liberação de traumas até o aumento da libido e a “expansão da consciência orgástica”. Tudo isso, é claro, envolto em um discurso de respeito e limites. Mas basta uma olhada mais atenta nos fóruns e grupos de discussão para ver as histórias se multiplicarem: clientes que se sentem desconfortáveis, terapeutas que cruzam a linha do profissionalismo, e uma série de outras situações que mostram que nem tudo são flores e energias positivas. “Olha, é… é complicado. A gente tenta se proteger, sabe? Mas às vezes o que o cliente busca não é exatamente a terapia”, desabafa uma terapeuta que atua há mais de cinco anos na área, visivelmente cansada de certas situações.
A Verdade Nua e Crua: É Terapia ou Apenas um Bom Negócio?
A massagem tântrica tem, sim, um lastro histórico e filosófico. Não vamos jogar fora o bebê com a água do banho. Há relatos de pessoas que encontraram alívio para dores crônicas, que superaram bloqueios sexuais e até que se sentiram mais conectadas com seus corpos. Mas é preciso colocar na ponta do lápis: a proliferação desses cursos, a velocidade com que se formam “profissionais” e a falta de uma regulamentação clara para essa atividade abrem margem para muita coisa que está longe de ser “terapêutica”.
A verdade, meus caros, é que para muitos, a massagem tântrica se tornou um bom negócio. Um produto no mercado do bem-estar, onde a espiritualidade e a busca por significado se misturam com a lógica do lucro. E, como todo bom negócio, ele precisa de clientes. E de profissionais. A promessa de uma vida mais plena e de um trabalho com propósito é sedutora, e talvez seja justamente essa a chave do sucesso desses cursos: a venda de um sonho, de uma libertação, de um caminho para a felicidade. Se a felicidade vem pelo toque ou pelo que se paga por ele, aí já é outra história. Uma que ainda precisa ser contada com mais clareza.